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Nem sempre quem estuda redação para os vestibulares sabe que existem provas por aí que exigem que o candidato coloque título no seu texto.

Nesta aula, vamos ver em quais processos seletivos você deve fazer isso e como criar um bom título. Acompanhe!

O título é obrigatório?

A resposta curta é: depende. No Enem e nas provas organizadas pela Vunesp, se o texto que você deve fazer for uma dissertação, o título é opcional, ou seja, você coloca se quiser. Por outro lado, outros vestibulares, como o da Fuvest, colocar o título é obrigatório.

Veja as orientações da prova da Fuvest de 2020; repare na última linha:

A obrigatoriedade é reforçada na folha de redação, que reserva e indica um espaço específico para o título. Observe:

Se você vai prestar Fuvest, fique muito atento a isso. Deixar sua redação sem título não vai zerá-la, mas vai fazer com que você perca pontos preciosos nesse vestibular tão concorrido.

Mas e em outras provas? Bom, cada banca tem suas próprias regras e é importante ficar atento às instruções da prova e, preferencialmente, conhecer as edições anteriores do processo seletivo do qual você participou.

Mesmo que não haja indicações expressas, a orientação geral é: se estiver na dúvida, dê um título ao seu texto. Isso porque o gênero dissertativo, tradicionalmente, exige um título. 

Não colocá-lo pode fazer você perder pontos - caso seja obrigatório -, mas a presença dele jamais vai fazer com que você tenha sua pontuação prejudicada.

Cuidados ao criar um título para uma dissertação

Existem alguns cuidados na hora de criar um título para a sua redação. Destacam-se:

  • O tema não deve ser o título. Exemplo: se o tema da redação for "O racismo no Brasil", o seu título não pode, em hipótese alguma, ser essa mesma frase.
  • É mais fácil dar o título depois de escrever a redação. Por isso, estruture e escreva seu texto, passe a limpo e, depois de lê-lo, pense em um título que expresse bem o teor do que você escreveu.
  • O título deve estar sempre centralizado no topo da página, não deve ser colocado entre aspas e não pode ter ponto final.
  • Cuidado com erros de potuguês no título. Ele já é um elemento da redação em si, ou seja, qualquer erro vai fazer com que você perca pontos, além de criar uma péssima impressão no corretor para o restante do texto.

Dicas para criar um bom título

Existem algumas alternativas para criar um bom título para a sua redação. Veja:

Resumo da tese 

Para criar em um bom título para sua redação, pense em uma frase que seja curta e que resuma sua tese.

Vamos ver um exemplo de uma redação. Acompanhe a introdução:

A internet, hoje, constitui um dos principais meios capazes de promover uma invasão da privacidade, uma virtualização das relações sociais, enfim, um processo pragmático de afastamento físico social. No entanto, há nessas afirmações um processo de personificação da internet, o que é ilógico, visto que essa não é capaz de se reproduzir e de se recriar sozinha, ela é instrumento criado e manejado pelo homem e portanto é o reflexo dele e de seu período histórico.

Ao ler essa introdução, já podemos identificar a tese do candidato. Repare no trecho que ele destaca que a internet é criada e manejada pelo homem e é seu reflexo. Isso já resume bem a tese, e o título poderia trazer algo nessa linha.

No entanto, o candidato mudou um pouco as palavras, mas manteve a ideia para construir o título da redação: A face espelhada da internet.

Vamos ver mais exemplos. Em 2020, o tema da redação da Fuvest foi "O papel da ciência no mundo contemporâneo". Vamos analisar o título de uma redação nota máxima deste ano: O dilema da ciência.

Vejamos, agora, a conclusão feita pela candidato:

Portanto, no mundo contemporâneo, a ciência tem papel fundamental, já que ela possibilita a manutenção de nossos padrões de vida. Mas, ao mesmo tempo, o homem ainda não aprendeu a extrair dela apenas os benefícios e, pelo caminho que segue a humanidade, dificilmente um dia ele saberá como fazê-lo.

Observe o "mas" utilizado na conclusão. Ele está ligando suas ideias opostas, ou seja, o dilema da ciência. Bom título, não?

Intertextualidade

Seguindo, veja agora uma redação que tirou nota 48 (de 50) também na prova da Fuvest em 2020. Vamos direto para o terceiro parágrafo do texto:

Além disso, com a consolidação do modelo Neoliberal vigente, a individualidade passou a ser elevada à máxima potência. Dessa forma, o indivíduo tornou-se o eixo de medida de produção da verdade, ao mesmo tempo em que as instituições produtos de conhecimento - tais como livros, universidades e centros de pesquisa - caíram em descrédito. De forma análoga a uma "cegueira branca", como abordado pelo escritor português José Saramago, os pilares científicos de críticos e do ceticismo são usados para atacar o próprio conhecimento científico de forma deturpante e irracional. Daí se originam os conceitos de "pós-verdade" e "auto-verdade" em que a objetividade dos fatos é preterida pelas impressões e crenças pessoais. Entende-se, também, a crescente valorização de teorias conspiracionistas que embasam a chamada "pseudociência", a qual configura-se um desserviço à humanidade. No Brasil, vê-se essa influência personificada na figura de Olavo de Carvalho, por exemplo, que sintetiza a crise da ciência ao ocupar grande influência junto ao governo federal.

O título dessa redação? A cegueira da ciência. Esse candidato faz referência a duas coisas: a tese, que fala da crise da ciência, e, principalmente, à cegueira branca, de Saramago.

E essa é outra dica que podemos utilizar. Se na sua redação, você fizer referência a algum filme, livro, música ou outro repertório do título, você pode utilizá-lo no seu título.

Ao ler o título A cegueira da ciência, não era possível captar a referência. Porém, lendo o texto, automaticamente entendemos a referência e fica muito legal.

Ambiguidade

Veja este título retirado de uma matéria de jornal: Quadro negro atrapalha festa do dia dos professores. Ao ler apenas o título, poderíamos entender, por exemplo, que havia uma festa e o quadro, de alguma forma, a atrapalhou.

No entanto, ao longo do texto, o autor fazia referências aos baixos salários dos professores, às condições precárias de trabalho, entre outros elementos. Nesse caso, "quadro negro" passou a ter outras interpretações, criando um ambiguidade. Poderia fazer referência tanto ao objeto que é fixado na parede quanto ao quadro geral da profissão.

Figuras de linguagem

Repare neste título, também de uma matéria de jornal: Luz no apagão. Aqui, o autor criou um antítese (ideais opostas) e também uma metáfora, no caso sendo "luz" a saída para uma crise (o apagão).

E quando o texto não é uma dissertação?

Até agora abordamos o título no contexto de textos dissertativos. Porém, existem alguns vestibulares, como a Unicamp, que não cobram dissertação, mas gêneros textuais diversos.

Nesse caso, a necessidade do título vai depender do gênero. No entanto, são tantos os estilos que não é possível indicarmos qual deles deve ter título ou não. A saída é apelar para o bom senso e conhecer o maior número possível de gêneros.

Por exemplo: a Unicamp já exigiu o gênero discurso para os candidatos. Será que faz sentido usar o título em um discurso? Nenhum discurso que ouvimos tinha um título, não é mesmo? Por outro lado, gêneros como crônica ou editorial, é necessário ter um título.

Para aprender mais:

Para ainda mais detalhes, assista a esta aula no YouTube

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Publicado na 
13/4/2022
 categoria 
Redação

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